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czwartek, marca 06, 2008

o homem

É mentira, nos vimos sim... Umas quatro ou cinco ou dez vezes mais. Através da vidraça, vitrine molhada... Nevoada de sujeira e vapor. Tudo fica, no entanto, no ar... Não foi o olhar suave, mas o sorriso avermelhado em seus lábios o que surpreendeu. Eros? Não. Ânteros. Compaixão. Talvez o contato humano seja a saída para todos os problemas do mundo... - moderno.
Sou jovem ainda. Adolescentes são doentes crianças, adultos arruinados ainda. Adultos são adolescentes crescidos, imaturos, responsáveis. Sacaninhas. No mau sentido mesmo. Adolescente? Não, criança... Sou jovem.

środa, marca 05, 2008

Confusão confusa

Combinei um jantar para sexta. Aguardo resposta de alguém que demora... e demora muito! E, no entanto, sexta-feira chega. E talvez o jantar fique para alguma outra sexta, se é que será na sexta. Se é que será jantar.

poniedziałek, lutego 18, 2008

Poesia

Pés pretos. A pomada escorre na pia, amarga, ardida. A privada vazia; a tampa abaixada. Azia. O peso. Garganta seca. Chove. A mochila cai pesada sobre os ombros. Nas costas. Cabelo molhado. Uma Rocha. Ando sobre o asfalto, respiro o concreto. O pó; a vida. Cabeça dolorida. O frio. O vento. Gotas cortantes. A traição mascarada; surpresas escorrem, amargas, ardidas. O peso do pacote nas costas. É tudo o que tenho. Mochila caída no ombro. Nas costas. Respiro a Rocha. Chove. Cabelo molhado. Espirro; caderno fedido. Pés sujos. O peso. Palavras.

niedziela, lutego 10, 2008

papoula

"Non, ce ne fut pas pour la recherce d'une volupté coupable et paresseuse qu'il commença à user de l'opium, mais simplement pour adoucir les tortures d'estomac nées d'une habitude cruelle de la faim."

(C. Baudelaire, Un mangeur d'opium)



Se antes eu bem comia para não ter de remediar as dores de estômago, hoje tomo milhões de pílulas para comer sem ardências e refluxos.

Paisagem

Once upon a time...

Sob um céu turquesa, de nuvens e rastros aéreos em branco, tinta pastel, os edifícios, palácios, se faziam, suaves, derretidos no rio de águas verdes. O sol brilhava friorento, pássaros geométricos, escuros, deslizavam no céu. A paisagem escorria, como uma tela semi-desbotada. Tela de aquarela, que se faz e se apaga; descolore-se aos poucos sem ninguém perceber.

wtorek, lutego 05, 2008

poema de botequim

Joe Strummer. Chapéus, cálices, cigarros. Ele sorri. Olhar terno, casaco quente, roupas escuras. Seu cabelo é já grisalho, olhos azuis. A pele é bem branca e começa a enrugar. Descrevo toda a poesia, como uma fotografia subjetiva, que apreende apenas o momento físico das sensações. Inapreensível, seu sorriso se fecha e ele pergunta. Me olha fixamente. Pago o chá, já são quase seis horas. Empurro a pesada porta de vidro e me perco na chuva. Ele continua ali, calmo, suave, impassível... Gentil, nunca mais nos vimos.

piątek, grudnia 28, 2007

cheiro de mar (o delirio e a decepção)

Voltava para casa e desejava escrever suas memórias na carteirinha do clube. Mas estava vencida e o clube fechado. Pensou nas palavras todas... Frases se formavam aleatoriamente, sons bonitos... Era uma música estranha. Um delírio talvez. Em outra língua.
Passava por sobre o viaduto, na direção do mar. Estava muito próxima do mar. O carro na sua frente carregava pranchas de surf e malas de viagem. O cheiro de areia e sal invadia sua narina. O sol era quente, queimava seu braço, seu rosto vermelho... Ardia. Mas ela continuava seu caminho, olhava a paisagem: sempre em direção ao mar. Pensava no mergulho. A música que tocava ela ouvira no Carnaval passado. Sim, música de Carnaval! Marchinhas...
O carro da frente bem lento. Pessoas na rua andavam de bicicleta e acenavam. Ah... a praia, as férias! O cheiro de maré tranqüila!
E o suco de laranja ainda se fazia sentir em sua boca. E era o único modo de se sentir refrescada. Suco refrescante. Sentidos e reflexos satisfeitos. E a direção do mar.
Árvores, flores, plantas, cachorros e gatos no meio do caminho... O dia estava lindo, ensolarado. Ela fechara os olhos agora, e ria. Ria ao ritmo da música. O outro Carnaval, velhos amigos, a praia... O sol... A lua cheia sobre as águas, que belo!
Carros de jovens alegres dirigindo, o sol muito forte. Todos felizes, o verão chegara!
E então ela atravessou o rio, passando pelo viaduto. E chegara na praia, ao mar. E saiu de seu carro. O carro da frente estacionara também. Jovens rapazes de bermudas e guarda-sóis. Ela com sua toalha e livros. Passou pelo portão: a praia! E foi mergulhar no mar refrescante, o corpo suado. E no oceano não havia água! O oceano secara!

wtorek, grudnia 18, 2007

nostalgia

Dores de cabeça, remorso, nariz doendo (sim: nariz doendo), olhos vermelhos, lágrimas de um olho só, garganta irritante, língua sem sentido, tontura. Ânsia? Um pouco. Vertigens, vertigens. Delírio? Um pouco. Ecos nos olhos. Abraços do vento. Envolve-se com as colchas, a coberta, edredon. O ursinho sorri, elefantinho alegre. Saudades do chá da mãe, dos biscoitos da vovó, do deseínho animado divertido, bonitinho, sensível, educativo.

O que seriam devaneios? Seriam sonhos acordados?
Não. Seriam sonhos soltos, sonhos jogados, sonhos desconectados da mente: os sonhos materializados em algum conceito externo.

Eu não falo do Amor. Eu falo do bem-estar que há muito endureceu, quebrou-se. Bem-estar feito em cacos, como a antiga lasquinha que me fez sangrar.

por que nos esquecemos sempre do que íamos falar?

środa, listopada 28, 2007

ontem

São Paulo rege cinza sobre nós sua sinfonia de uivos* e lágrimas em tom vibrante.


* Do original: ruivos

wtorek, listopada 27, 2007

terça-feira ?

e o mundo nos fez crer que não poderia estar pior.

wtorek, listopada 20, 2007

toró

Finjamos que o texto a seguir foi escrito em tinta preta.



"Imagina, fazer a FUVEST com pneumonia? Aí vai o monitor lá no hospital pra você poder fazer a prova." (Bruno, de bicicleta, embaixo do temporal)

Imagina um caco de vidro entrando no pé após ser arrastado pela chuva.
Imagina alguém de sandálias do lado do cemitério da Consolação, quando a enchente já começou.
Imagina um vento muito muito forte.
E a cólica! Se imagina agora com cólica!
E tudo isso se for pra visitar amigos antigos que nem te imaginam passando por lá...


[obviamente não acaba aqui, mas há a preguiça e o sono....]

transcrição

Relíquias do início do mês:


Sempre tem alguém, no meio do caminho, para nos acordar e nos trazer de volta ao que chamam de vida. E morremos por dentro, iludimos os sentidos, desfazemos os sonhos para retornar ao estranhismo do lado de fora: a ilusão apelidada de realidade.

***

Mais um avião caiu, e o meu maior medo prevalece: um choque frontal na rodovia do amor.

***

Ainda dormem os meus sentidos: o que faço agora é automático. Se estou escrevendo, é por sonambulia. Não penso e não existo, reajo ao mundo material para que me entendam. Eu, por mim, continuaria servindo ao império de meus sonhos.

***

Tudo se resume à vontade de viver. Mas o que é vida, afinal?

***

E, de repente, eles me mostraram o caminho do mundo e o sentido da vida. Eu sei o que eu quero, mas não sei como encontrar. Tudo está do avesso.

[há um texto. mas é melhor não transcrevê-lo.]

Grãos de Outubro

Farelos varridos para baixo do tapete:

Nômade. Como os outros desertores.

***

Não sei se é o cansaço por si só, ou o gosto pelo conforto, mas o sedentarismo, a comida bem feita, a bebida fresca e boas noites de sono, faz-me bem! A vontade de ficar e relaxar aumenta, junto com as saudades de quando caminhar era só ilusão.
Velhas emoções são estimuladas novamente, e duram pouco, são como faíscas da madeira raspando na pedra.

***

O vento grita, corre, desenvolve-se e escorrega no céu. Bate na rocha, estoura em construções, leva consigo folhas, flores, poeira, animais. As árvores resistem; a grama também.
O vento hoje está irritado, revoltado, é o sopro quente que sai da boca de um dragão. O seu barulho arrepia, se corpo corta como navalha. Parece que estamos submersos num rio transbordante que se joga montanha abaixo.

***

Os sons da infância: cheiro de Amor e saudade.

poniedziałek, listopada 19, 2007

zunindo ao pé do nariz

Tem uma abelhinha tentando entrar. Será que está suja de mel? Será que tem medo de chuva? Será que dança para suas amigas socorrerem-na em minha janela? Ou será que foi largada ao acaso e decidiu compartilhar a esperança aleijada com seus semelhantes - humanos céticos e perdidos na vida?

***

dormir à tarde, acordar à noite e estudar em sonhos. Porque a vida é o perfume da dama-da-noite, sublime, invisivel, suave e acolhedor.

piątek, listopada 02, 2007

uma cena

Ruídos: passos no asfalto, a respiração de alguém ofegante, cansado, com medo. Folhas que tentam levantar vôo, árvores nervosas, uma gota, depois outra.
Aromas: o vento carrega consigo um cheiro suave de orvalho, de grama e terra, de infância. Mistura-se com isto a podridão de um braço de rio, fumaça de carros ao longe [aliás, há barulhos de carros e pessoas ao fundo da rua, no horizonte apagado].
Imagens: uma rua deserta, galhos agitados, folhas no chão, insetos no ar. A lua ilumina, mesmo que atrás de nuvens escuras. É noite. As luzes da rua não funcionam. Uma tenta ascender-se, está quase queimando. As casas iluminam a noite escura, o pouco do asfalto... Uma criança andando. Carros parados e bicicletas no chão.um pássaro dorme sobre seu ninho. Mas não dá para vê-lo na escuridão.

Venta, mas faz calor. É um bafo quente que vem do rio, ou talvez do asfalto queimado. A paisagem é estranha... É um poço que transborda de lembranças e dores e risadas.
As gotas na janela... Não dá para saber se é a chuva do lado de fora do vidro, ou lágrimas escorrendo por alguma bochecha iluminada por um olhar do lado de dentro da sala abafada.
Um telefone toca, ninguém atende. Continuam as divagações e pensamentos... O coração ainda bate com a mesma força enigmática. O celular agora toca desesperado. Sem resposta...

Era antigamente... O mesmo vento, a mesma onda de calor, os mesmos cheiros e sons e paisagens ilustravam a pérola negra dos quinze anos. Doloridos, em carne viva, passados, revoltados. Ferozes quinze anos. Caminhávamos juntos por sobre o asfalto, na melancólica sarjeta. Músicas antigas e belas, sensíveis. O Werther embaixo do braço. Correndo das gotas pesadas. O msn piscando com mensagens ansiosas.
Maldito seja o poço da infância! O mundo já passado, o vácuo do destino... A insegurança do amanhã!

Gotas

Não sair de casa com medo de se molhar.

Não, hoje não há histórias a serem contadas, paisagens condensadas em belas descrições ou sons suaves voando pelos céus.

A maioria das pessoas tem medo da vida, do mundo, dos outros. A chuva cai, tempestade e vento. Tempestade e trovões. Vai acabar a luz outra vez. Árvores balançam e poesias vão-se na enxurrada de esgotos no asfalto sujo, na dura sarjeta. E buracos fazem a água acumular-se, formando enormes poças d’água. Eu queria pular dentro de uma poça d’água para molhar quem vem na contramão desta calçada, mas não posso. A rua está deserta.

niedziela, października 21, 2007

breve momento

As árvores se revoltam contra o cheiro de fogo e a fuligem negra. As folhas não caem, e são verdinhas, verdinhas... O chão é coberto de flores rosa, o céu quer ser azul brilhante, mas a lua está quase cheia hoje, encostando-se numa cobertura de nuvens cinza-claro, que formam um colchão macio.
As árvores debatem-se zangadas e as suas sombras misturam-se com o céu. O ar é quente, cheio de poeirinhas e animaizinhos levantados do chão.
Eu sonho histórias para contar.

luzes e reflexos

Hoje, todas as cores estão desbotadas: o céu é dum cinza cru... Os caules das árvores são marrons igualmente cru, com musgos cru. As folhas formam coberturas verde-cru sobre as ruas, que projetam as escuras sombras cru. Carros resmungam cruamente, e cachorros latem pêlos cru. O vento traz um cheiro cru para as narinas de um gato dorminhoco. As folhas escorregam pelo chão de pedra cru, fazendo um som seco, muito cru. E no calor da sala, iluminada por um laranja vivo, admiro a paisagem entrando pela minha janela: se lá fora postes, muros e ninhos de pássaros estão cru e desbotados, daqui de dentro, o azul vivaz da luz que entra fere a minha retina, querendo me lembrar que as fantasias são reflexos de uma realidade nascida antes do tempo.


***


Os contornos são inexistentes nas coisas, que não têm sombras. A luz azul é contornada pela branca desbotada, tornando-se claro o limite de ambas. O contraste com a luz laranja é fortemente visível:ela se espalha pelo ambiente, como as ondas no oceano. Faz calor e venta pouco.

clash

texto idealizado sábado, ontem.

Viver é bom!
Nas curvas da estrada
Um caminhão corria
E as suas rodas imensas
Aproximavam-se
De minhas pequenas rodas.
E de tão perto que chegara
O caminhão de rodas grandes,
Deixou as minhas rodas paradas,
Sem forças para continuar...

Adeus pára-choque!


czwartek, października 18, 2007

O louco

- Pierrot!
- Je m'appelle Ferdinand.


Um velho cinema, a poltrona da frente... Sem ninguém para atrapalhar a visão: eu e a tela, a tela e eu, como íntimos amigos... Irmãos. Segredos e histórias, sonhos... Tensões. Um verdadeiro cinema, daqueles que só se vê em filmes.



The night was heavy and the air was alive....


Era uma dessas noites muito claras; a luz branca escorria do céu, até ferir o chão, e luzes amarelas tentavam flutuar pelo ar. Fazia frio, tudo estava calmo. Ela andava como uma atriz francesa, vestindo seu belo casaco, com as mãos nos bolsos para aquecer; dava passos rápidos. Ia pela grama, calçada, e, finalmente, chegara à rua. Olhou para o céu: não havia lua, tudo era cinza, nublado. Alguém tocava trompete no quarto de luz acesa que aparecia nalguma janelinha de um alto apartamento. Belo Som! Um blues! E o barulho do vento, das árvores, a garoa que caía lentamente... Ela agora dirigia seu carro, observando o reflexo das luzes amarelas nas gotinhas redondas que ficavam no vidro. Mas não é romântico falar de carro, assim como não vale à pena citar as gotinhas agora. Belo seria pensarmos em grilos e estrelas e na eternidade. Os carros são muito modernos, e enferrujam. As gotas não caem mais, evaporaram-se. Ela corre na rua. O cheiro de grama molhada aquece-a; a dama-da-noite, velho perfume da infância, está hoje alegre. Um cachorro late, e nada mais. A rua deserta, como se a vida fosse um ciclo. Como se os problemas, de tão passageiros, não existissem. Como se tivéssemos nos esquecido do trajeto, lembrando-nos apenas de aromas e sensações antigas, retornando ao ponto de onde viemos. E o útero de nossas mães volta a nos envolver, com o som dos grilos, o brilho das estrelas, o calor da eternidade.



Elle est retrouvée!
Quoi? L' éternité.
C'est la mer mêlée
Au soleil


Qualquer filme que consegue terminar com uma estrofe de Rimbaud é, no mínimo, maravilhoso.