piątek, grudnia 28, 2007

cheiro de mar (o delirio e a decepção)

Voltava para casa e desejava escrever suas memórias na carteirinha do clube. Mas estava vencida e o clube fechado. Pensou nas palavras todas... Frases se formavam aleatoriamente, sons bonitos... Era uma música estranha. Um delírio talvez. Em outra língua.
Passava por sobre o viaduto, na direção do mar. Estava muito próxima do mar. O carro na sua frente carregava pranchas de surf e malas de viagem. O cheiro de areia e sal invadia sua narina. O sol era quente, queimava seu braço, seu rosto vermelho... Ardia. Mas ela continuava seu caminho, olhava a paisagem: sempre em direção ao mar. Pensava no mergulho. A música que tocava ela ouvira no Carnaval passado. Sim, música de Carnaval! Marchinhas...
O carro da frente bem lento. Pessoas na rua andavam de bicicleta e acenavam. Ah... a praia, as férias! O cheiro de maré tranqüila!
E o suco de laranja ainda se fazia sentir em sua boca. E era o único modo de se sentir refrescada. Suco refrescante. Sentidos e reflexos satisfeitos. E a direção do mar.
Árvores, flores, plantas, cachorros e gatos no meio do caminho... O dia estava lindo, ensolarado. Ela fechara os olhos agora, e ria. Ria ao ritmo da música. O outro Carnaval, velhos amigos, a praia... O sol... A lua cheia sobre as águas, que belo!
Carros de jovens alegres dirigindo, o sol muito forte. Todos felizes, o verão chegara!
E então ela atravessou o rio, passando pelo viaduto. E chegara na praia, ao mar. E saiu de seu carro. O carro da frente estacionara também. Jovens rapazes de bermudas e guarda-sóis. Ela com sua toalha e livros. Passou pelo portão: a praia! E foi mergulhar no mar refrescante, o corpo suado. E no oceano não havia água! O oceano secara!

pré-mon-ição

Em 2008 eu quero tudo o que foi apagado aqui.

sobota, grudnia 22, 2007

reclamação

Reclamaram que aqui só se fala de dor.
Se esqueceram que pra quem já foi blasé isso aqui tá é muito é bom!
Mas será que a gente muda tanto assim?
Acho que a gente só se esconde...
São namoros, cavalos, cachorros, gatos, luar, amigos, festas, sorrisos, comida, sono, filmes, TV, chuva, tempestade, livros, trovões, sono, sonhos, poesia, sono, olhares, pálpebras... dormir... desligar, acordar, acreditar... aceitar também.

É... A gente só se esconde.

[as fraquezas fazem parte, já que nem tudo é arte.]

sem telefone

Malditos sejam esses aparelhos eletrônicos modernos.
Tecnologia porca!

A comunicação deveria voltar a ser feita através de bilhetinhos, cartas, recados, fofocas boca-a-boca, pedrinhas batendo na janela, mocinhas pulando a janela, bicicletas, cavalos, carruagens, espiões atrás da porta...
- Quer ir ao cinema hoje, querida?
- Oh, sim! Mas esperemos meu pai dormir!
- Quer ir comigo ao baile?
- Ah... Não dá, desculpa. Já tenho um par, hihihi.

wtorek, grudnia 18, 2007

nostalgia

Dores de cabeça, remorso, nariz doendo (sim: nariz doendo), olhos vermelhos, lágrimas de um olho só, garganta irritante, língua sem sentido, tontura. Ânsia? Um pouco. Vertigens, vertigens. Delírio? Um pouco. Ecos nos olhos. Abraços do vento. Envolve-se com as colchas, a coberta, edredon. O ursinho sorri, elefantinho alegre. Saudades do chá da mãe, dos biscoitos da vovó, do deseínho animado divertido, bonitinho, sensível, educativo.

O que seriam devaneios? Seriam sonhos acordados?
Não. Seriam sonhos soltos, sonhos jogados, sonhos desconectados da mente: os sonhos materializados em algum conceito externo.

Eu não falo do Amor. Eu falo do bem-estar que há muito endureceu, quebrou-se. Bem-estar feito em cacos, como a antiga lasquinha que me fez sangrar.

por que nos esquecemos sempre do que íamos falar?

poniedziałek, grudnia 17, 2007

natal?

e ainda têm coragem de dizer que o natal é belo, belíssimo!
natal tem sua força, natal é cerimonioso, natal sorri de harmonias e tons graciosos. natal tem graça, mas não beleza! o natal, hoje em dia, se apóia em algo que não existe mais. valores, condutas, etiquetas, família, amigos, gestos de carinho, gestos gentis... gestos infelizes, infantis, gordos em olhos, gordos nos bolsos: presentes inúteis, inútil festa fatídica.

e por defesa própria, digo: sempre gostei de natal.
mas nunca gostei das luzinhas bonitas que brilham... apagam-se e se ascendem, e nos fazem lembrar: a sua vida é sagrada, mas seu Deus morreu. o que é sagrado então?
a nostalgia da infância. a infância se foi.
a festa é agora embriagar-se, beijar, sexar, amar, servir como escravos às nossas próprias obrigações, condutas morais, natal, oh natal, é natal!

e por defesa própria digo outra vez: eu sempre gostei do natal.
a festa, a comida, a família reunida.
mas o que é família? quem passa fome? a festa é isso ou a festa é dançar, desamar, pornografizar o Amor ao Deus que morreu? grotesco!

mas o natal é forte e sobrevive. natal é bonito, natal é assim:
natal é natal, e não adianta chorar:
natal é nostálgico, é pra celebrar
o passado, o mundo feliz a cantar
às estrelinhas que brilham no céu,
debaixo da chuva, calor infernal...
calor desumano, Amor egóico,
mas o que isso importa?
pois natal, é natal!

língua sangrenta

sem pneumonia, sem falhas, sem gestos.
a língua rasgou, sangrou, amoleceu, ficou entorpecida.

a nostalgia do cheiro de cal e telha molhada. a noite cheira bem com flores abertas. e os sons de crianças brincando n'alguma piscina, sons de máquinas e conversas noturnas em carros parados ainda vibram nos ventos sombrios.
a festa não acabou, e a essência de churrasco repete-se a cada instante.

a dança sorriu hoje à noite.
o amigo chorou no ombro das árvores agitadas.
a lua bocejou entediada, e adormeceu ao tocar nas nuvens macias.

a poesia não existe mais. e você ainda diz que Amor é carnal.
Amor não existe para espíritos sensiveis, mas para rechear as almas carentes, vazias de vida, vácuo vibrante.

o vento chora, ou sopra, ou briga.
e os livros chamam ainda para o estudo.
estudo desditoso, desgostoso, des-tudo: des-resposta, des-saudades, des-tempo,
a-mor-al.