wtorek, lutego 05, 2008

poema de botequim

Joe Strummer. Chapéus, cálices, cigarros. Ele sorri. Olhar terno, casaco quente, roupas escuras. Seu cabelo é já grisalho, olhos azuis. A pele é bem branca e começa a enrugar. Descrevo toda a poesia, como uma fotografia subjetiva, que apreende apenas o momento físico das sensações. Inapreensível, seu sorriso se fecha e ele pergunta. Me olha fixamente. Pago o chá, já são quase seis horas. Empurro a pesada porta de vidro e me perco na chuva. Ele continua ali, calmo, suave, impassível... Gentil, nunca mais nos vimos.

piątek, grudnia 28, 2007

cheiro de mar (o delirio e a decepção)

Voltava para casa e desejava escrever suas memórias na carteirinha do clube. Mas estava vencida e o clube fechado. Pensou nas palavras todas... Frases se formavam aleatoriamente, sons bonitos... Era uma música estranha. Um delírio talvez. Em outra língua.
Passava por sobre o viaduto, na direção do mar. Estava muito próxima do mar. O carro na sua frente carregava pranchas de surf e malas de viagem. O cheiro de areia e sal invadia sua narina. O sol era quente, queimava seu braço, seu rosto vermelho... Ardia. Mas ela continuava seu caminho, olhava a paisagem: sempre em direção ao mar. Pensava no mergulho. A música que tocava ela ouvira no Carnaval passado. Sim, música de Carnaval! Marchinhas...
O carro da frente bem lento. Pessoas na rua andavam de bicicleta e acenavam. Ah... a praia, as férias! O cheiro de maré tranqüila!
E o suco de laranja ainda se fazia sentir em sua boca. E era o único modo de se sentir refrescada. Suco refrescante. Sentidos e reflexos satisfeitos. E a direção do mar.
Árvores, flores, plantas, cachorros e gatos no meio do caminho... O dia estava lindo, ensolarado. Ela fechara os olhos agora, e ria. Ria ao ritmo da música. O outro Carnaval, velhos amigos, a praia... O sol... A lua cheia sobre as águas, que belo!
Carros de jovens alegres dirigindo, o sol muito forte. Todos felizes, o verão chegara!
E então ela atravessou o rio, passando pelo viaduto. E chegara na praia, ao mar. E saiu de seu carro. O carro da frente estacionara também. Jovens rapazes de bermudas e guarda-sóis. Ela com sua toalha e livros. Passou pelo portão: a praia! E foi mergulhar no mar refrescante, o corpo suado. E no oceano não havia água! O oceano secara!

pré-mon-ição

Em 2008 eu quero tudo o que foi apagado aqui.

sobota, grudnia 22, 2007

reclamação

Reclamaram que aqui só se fala de dor.
Se esqueceram que pra quem já foi blasé isso aqui tá é muito é bom!
Mas será que a gente muda tanto assim?
Acho que a gente só se esconde...
São namoros, cavalos, cachorros, gatos, luar, amigos, festas, sorrisos, comida, sono, filmes, TV, chuva, tempestade, livros, trovões, sono, sonhos, poesia, sono, olhares, pálpebras... dormir... desligar, acordar, acreditar... aceitar também.

É... A gente só se esconde.

[as fraquezas fazem parte, já que nem tudo é arte.]

sem telefone

Malditos sejam esses aparelhos eletrônicos modernos.
Tecnologia porca!

A comunicação deveria voltar a ser feita através de bilhetinhos, cartas, recados, fofocas boca-a-boca, pedrinhas batendo na janela, mocinhas pulando a janela, bicicletas, cavalos, carruagens, espiões atrás da porta...
- Quer ir ao cinema hoje, querida?
- Oh, sim! Mas esperemos meu pai dormir!
- Quer ir comigo ao baile?
- Ah... Não dá, desculpa. Já tenho um par, hihihi.

wtorek, grudnia 18, 2007

nostalgia

Dores de cabeça, remorso, nariz doendo (sim: nariz doendo), olhos vermelhos, lágrimas de um olho só, garganta irritante, língua sem sentido, tontura. Ânsia? Um pouco. Vertigens, vertigens. Delírio? Um pouco. Ecos nos olhos. Abraços do vento. Envolve-se com as colchas, a coberta, edredon. O ursinho sorri, elefantinho alegre. Saudades do chá da mãe, dos biscoitos da vovó, do deseínho animado divertido, bonitinho, sensível, educativo.

O que seriam devaneios? Seriam sonhos acordados?
Não. Seriam sonhos soltos, sonhos jogados, sonhos desconectados da mente: os sonhos materializados em algum conceito externo.

Eu não falo do Amor. Eu falo do bem-estar que há muito endureceu, quebrou-se. Bem-estar feito em cacos, como a antiga lasquinha que me fez sangrar.

por que nos esquecemos sempre do que íamos falar?

poniedziałek, grudnia 17, 2007

natal?

e ainda têm coragem de dizer que o natal é belo, belíssimo!
natal tem sua força, natal é cerimonioso, natal sorri de harmonias e tons graciosos. natal tem graça, mas não beleza! o natal, hoje em dia, se apóia em algo que não existe mais. valores, condutas, etiquetas, família, amigos, gestos de carinho, gestos gentis... gestos infelizes, infantis, gordos em olhos, gordos nos bolsos: presentes inúteis, inútil festa fatídica.

e por defesa própria, digo: sempre gostei de natal.
mas nunca gostei das luzinhas bonitas que brilham... apagam-se e se ascendem, e nos fazem lembrar: a sua vida é sagrada, mas seu Deus morreu. o que é sagrado então?
a nostalgia da infância. a infância se foi.
a festa é agora embriagar-se, beijar, sexar, amar, servir como escravos às nossas próprias obrigações, condutas morais, natal, oh natal, é natal!

e por defesa própria digo outra vez: eu sempre gostei do natal.
a festa, a comida, a família reunida.
mas o que é família? quem passa fome? a festa é isso ou a festa é dançar, desamar, pornografizar o Amor ao Deus que morreu? grotesco!

mas o natal é forte e sobrevive. natal é bonito, natal é assim:
natal é natal, e não adianta chorar:
natal é nostálgico, é pra celebrar
o passado, o mundo feliz a cantar
às estrelinhas que brilham no céu,
debaixo da chuva, calor infernal...
calor desumano, Amor egóico,
mas o que isso importa?
pois natal, é natal!

língua sangrenta

sem pneumonia, sem falhas, sem gestos.
a língua rasgou, sangrou, amoleceu, ficou entorpecida.

a nostalgia do cheiro de cal e telha molhada. a noite cheira bem com flores abertas. e os sons de crianças brincando n'alguma piscina, sons de máquinas e conversas noturnas em carros parados ainda vibram nos ventos sombrios.
a festa não acabou, e a essência de churrasco repete-se a cada instante.

a dança sorriu hoje à noite.
o amigo chorou no ombro das árvores agitadas.
a lua bocejou entediada, e adormeceu ao tocar nas nuvens macias.

a poesia não existe mais. e você ainda diz que Amor é carnal.
Amor não existe para espíritos sensiveis, mas para rechear as almas carentes, vazias de vida, vácuo vibrante.

o vento chora, ou sopra, ou briga.
e os livros chamam ainda para o estudo.
estudo desditoso, desgostoso, des-tudo: des-resposta, des-saudades, des-tempo,
a-mor-al.

środa, listopada 28, 2007

vedere

Criar. Não, não criarei nada. Porque palavras e pensamentos se mesclam, os olhos fecham-se para a luz que tenta penetrá-los. Olhos virgens de graça e sinfonias. Olhos puros, mas sem brilho. Olhos que, por medo, não se puseram a viver. A alegria abandonou-os quando fugiram da incerteza. A falta de coragem foi-lhes o engano maior, a falta maior. E, agora, machucados, sonham. E choram. Por trás de pálpebras pesadas.

ontem

São Paulo rege cinza sobre nós sua sinfonia de uivos* e lágrimas em tom vibrante.


* Do original: ruivos

fuga

onde está o texto?? cadê meu texto?? eu deixei ele aqui, ó!!! cadê a droga do texto?! ahhhhhh!!!! eu quero meu textoooo!!! CADÊ?????????????????

wtorek, listopada 27, 2007

terça-feira ?

e o mundo nos fez crer que não poderia estar pior.

wtorek, listopada 20, 2007

toró

Finjamos que o texto a seguir foi escrito em tinta preta.



"Imagina, fazer a FUVEST com pneumonia? Aí vai o monitor lá no hospital pra você poder fazer a prova." (Bruno, de bicicleta, embaixo do temporal)

Imagina um caco de vidro entrando no pé após ser arrastado pela chuva.
Imagina alguém de sandálias do lado do cemitério da Consolação, quando a enchente já começou.
Imagina um vento muito muito forte.
E a cólica! Se imagina agora com cólica!
E tudo isso se for pra visitar amigos antigos que nem te imaginam passando por lá...


[obviamente não acaba aqui, mas há a preguiça e o sono....]

transcrição

Relíquias do início do mês:


Sempre tem alguém, no meio do caminho, para nos acordar e nos trazer de volta ao que chamam de vida. E morremos por dentro, iludimos os sentidos, desfazemos os sonhos para retornar ao estranhismo do lado de fora: a ilusão apelidada de realidade.

***

Mais um avião caiu, e o meu maior medo prevalece: um choque frontal na rodovia do amor.

***

Ainda dormem os meus sentidos: o que faço agora é automático. Se estou escrevendo, é por sonambulia. Não penso e não existo, reajo ao mundo material para que me entendam. Eu, por mim, continuaria servindo ao império de meus sonhos.

***

Tudo se resume à vontade de viver. Mas o que é vida, afinal?

***

E, de repente, eles me mostraram o caminho do mundo e o sentido da vida. Eu sei o que eu quero, mas não sei como encontrar. Tudo está do avesso.

[há um texto. mas é melhor não transcrevê-lo.]

Grãos de Outubro

Farelos varridos para baixo do tapete:

Nômade. Como os outros desertores.

***

Não sei se é o cansaço por si só, ou o gosto pelo conforto, mas o sedentarismo, a comida bem feita, a bebida fresca e boas noites de sono, faz-me bem! A vontade de ficar e relaxar aumenta, junto com as saudades de quando caminhar era só ilusão.
Velhas emoções são estimuladas novamente, e duram pouco, são como faíscas da madeira raspando na pedra.

***

O vento grita, corre, desenvolve-se e escorrega no céu. Bate na rocha, estoura em construções, leva consigo folhas, flores, poeira, animais. As árvores resistem; a grama também.
O vento hoje está irritado, revoltado, é o sopro quente que sai da boca de um dragão. O seu barulho arrepia, se corpo corta como navalha. Parece que estamos submersos num rio transbordante que se joga montanha abaixo.

***

Os sons da infância: cheiro de Amor e saudade.

poniedziałek, listopada 19, 2007

a moça

"Agora que temos nossa casa é a chave que sempre esqueço" (Legião Urbana)
"I don't care if Monday's blue, Tuesday's gray and Wednesday too..." (The Cure)






Fazia algum tempo já, e ela acostumara-se a pingar de casa em casa, quarto em quarto, salas e sofás para dormir. Vivia de favores até com seus pais, e não percebia, mas adaptara-se tão completamente a esta vida que só os laços de amizade eram eternos. O amanhã imprevisível e o que havia passado, havia passado.
As Flores do Mal como livro de cabeceira. Um comedor de ópio voraz que mudara a sua forma de pensar numa noite de crises e colapsos.
O Macário como descrições líricas de paisagens companheiras.
Os sonhos e delírios como temas favoritos para qualquer coisa que viesse na cabeça
A compaixão do polonês somada à hospitalidade do brasileiro como metas a uma nação.



E a personagem pronta, vive, boêmia e feliz, simples e profunda. Como você e eu.

impressions



O mais famoso, só pra dar um gostinho especial ao blog.
Afinal, há tempos não tínhamos imagens aqui!

zunindo ao pé do nariz

Tem uma abelhinha tentando entrar. Será que está suja de mel? Será que tem medo de chuva? Será que dança para suas amigas socorrerem-na em minha janela? Ou será que foi largada ao acaso e decidiu compartilhar a esperança aleijada com seus semelhantes - humanos céticos e perdidos na vida?

***

dormir à tarde, acordar à noite e estudar em sonhos. Porque a vida é o perfume da dama-da-noite, sublime, invisivel, suave e acolhedor.

sobota, listopada 17, 2007

carregando mensagem ...................

piątek, listopada 02, 2007

uma cena

Ruídos: passos no asfalto, a respiração de alguém ofegante, cansado, com medo. Folhas que tentam levantar vôo, árvores nervosas, uma gota, depois outra.
Aromas: o vento carrega consigo um cheiro suave de orvalho, de grama e terra, de infância. Mistura-se com isto a podridão de um braço de rio, fumaça de carros ao longe [aliás, há barulhos de carros e pessoas ao fundo da rua, no horizonte apagado].
Imagens: uma rua deserta, galhos agitados, folhas no chão, insetos no ar. A lua ilumina, mesmo que atrás de nuvens escuras. É noite. As luzes da rua não funcionam. Uma tenta ascender-se, está quase queimando. As casas iluminam a noite escura, o pouco do asfalto... Uma criança andando. Carros parados e bicicletas no chão.um pássaro dorme sobre seu ninho. Mas não dá para vê-lo na escuridão.

Venta, mas faz calor. É um bafo quente que vem do rio, ou talvez do asfalto queimado. A paisagem é estranha... É um poço que transborda de lembranças e dores e risadas.
As gotas na janela... Não dá para saber se é a chuva do lado de fora do vidro, ou lágrimas escorrendo por alguma bochecha iluminada por um olhar do lado de dentro da sala abafada.
Um telefone toca, ninguém atende. Continuam as divagações e pensamentos... O coração ainda bate com a mesma força enigmática. O celular agora toca desesperado. Sem resposta...

Era antigamente... O mesmo vento, a mesma onda de calor, os mesmos cheiros e sons e paisagens ilustravam a pérola negra dos quinze anos. Doloridos, em carne viva, passados, revoltados. Ferozes quinze anos. Caminhávamos juntos por sobre o asfalto, na melancólica sarjeta. Músicas antigas e belas, sensíveis. O Werther embaixo do braço. Correndo das gotas pesadas. O msn piscando com mensagens ansiosas.
Maldito seja o poço da infância! O mundo já passado, o vácuo do destino... A insegurança do amanhã!