As árvores debatem-se zangadas e as suas sombras misturam-se com o céu. O ar é quente, cheio de poeirinhas e animaizinhos levantados do chão.
Eu sonho histórias para contar.
passado, presente e futuro
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Eu improviso
Em casa: pessoas reformam o apartamento de cima.
Janela aberta: buzinas, motores, a obra do metrô. Oficinas, marcenarias, mecânico.
Um prédio está sendo construído.
A rua: as mesmas pessoas. - Olá! - Você por aqui?! ... Carros todos estranhos, de passagem.
No trabalho: um estúdio. Paredes sendo montadas, tábuas de madeira marteladas, o cheiro de tinta.
A vida de quem faz teatro e não atua. A cidade de quem desconhece o habitual e só enxerga o teatro da vida dos outros.
O mundo é cenário; atitudes interpretação; pensamentos são ensaios; sentimentos o improviso.
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Eu vou ali um pouco brincar com meus amigos, cantar alguma coisa, encher a cara e... Talvez depois... Só depois eu te tiro pra dançar... (Se você quiser, é claro!)
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É sempre do avesso que se fazem as frases, as cenas, os sentimentos e as relações. Como se estivessem ali para nos lembrar: não, o tempo não é linear e a vida quer fugir da rotina.
Enquanto isso, a retina esconde os atos impensados e os impulsos calculáveis.
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Mas que velocidade toda é essa?! É São Paulo, que se esconde por trás de barulhos, e cheiros, fumaças, multidões.
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A prosa é o caminho do equilíbrio buscado por poetas desamorosos. Os prosadores são pedras. Os poetas o vento.
A água evapora no ar, o fogo derrete o sólido.
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As idéias existem e se perdem e somem quando a alma materializa-se por sob a ponta de uma caneta: palavras não são mentiras; a realização de idéias sim.
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O concreto e o piche e o cal podem ser resumidos no latido seco do cão raivoso. Ele agora chora, com a voz rouca de tanto fumar poluição.