Se a metáfora é a lei, interpreto a rua, interpreto meu irmão, interpreto a gravidade da mão louca que me procurava naquela noite. Reverenciei-me às perguntas. E dancei sem dançar, sem ninguém ver. Então me veio aquela idéia de que eu podia fazer o que quisesse, e foi o que eu fiz: comecei a cantar e a dançar, por cima da cama, dentro do chuveiro... Estava aproveitando a liberdade que me tinham dado aquele dia.
Meu cima era baixo, meu baixo meu cima. Brinquei de olhos fechados. Confortável, muito confortável, me abandonei e me prendi na ausência. Na ausência eu ouvia o silencio dos dinossauros a brincar lá fora. Bichinhos de estimação daquela época de meninice. Poder fazer tudo isso sem ninguém saber, ninguém ver. E o melhor: não nos ouvirem. Aí me aconteceu uma coisa surpreendente. Foi que naquele momento, o mito do êxtase se abateu. E conheci-o simples, como a pedrinha que chutava no caminho pra escola. Ele era lindo, sorriso no rosto, olhos bem pretos. Coisa estranha isso, porque eu tinha só 10 aninhos e não pensava em outra coisa que em brincar. Era o meu primeiro amor, talvez o único. O responsável pelo futuro de cachorro correndo atrás do rabo.
Poderia eu terminar assim?! Caindo, subindo, soltando, trancando, brincando, morrendo...?! Não quero essa vida pra mim! É por isso que pensei que talvez, se fosse procurá-lo, tentar recomeçar... A vida seria outra coisa, coisa boa. Mas isto não faz parte da história que eu contava. Os fatos se sucederam muito estranhamente a partir daquele dia. Não pude mais ler, cansei do cinema, da musica, não mais visitei as galerias. Um grande cansaço me roubara. E eu só podia cegar, calar, deixar a visão embaçar, aos ouvidos só ruídos assombrosos. Aí eu desmaiei. Acordei no dia seguinte no hospital, meus pais ao pé da cama, quarto particular. Estava internada. Internada porque decidi correr atrás dele na rua, correr por impulso, sem olhar para os lados. Depois disso ele veio me visitar algumas vezes. Permanecemos amigos durante todo o tempo do colégio, mas aí ele se mudou... Me ligou semana passada para conversarmos, parece que precisava de uma advogada e ouviu falar de mim.
Meu cima era baixo, meu baixo meu cima. Brinquei de olhos fechados. Confortável, muito confortável, me abandonei e me prendi na ausência. Na ausência eu ouvia o silencio dos dinossauros a brincar lá fora. Bichinhos de estimação daquela época de meninice. Poder fazer tudo isso sem ninguém saber, ninguém ver. E o melhor: não nos ouvirem. Aí me aconteceu uma coisa surpreendente. Foi que naquele momento, o mito do êxtase se abateu. E conheci-o simples, como a pedrinha que chutava no caminho pra escola. Ele era lindo, sorriso no rosto, olhos bem pretos. Coisa estranha isso, porque eu tinha só 10 aninhos e não pensava em outra coisa que em brincar. Era o meu primeiro amor, talvez o único. O responsável pelo futuro de cachorro correndo atrás do rabo.
Poderia eu terminar assim?! Caindo, subindo, soltando, trancando, brincando, morrendo...?! Não quero essa vida pra mim! É por isso que pensei que talvez, se fosse procurá-lo, tentar recomeçar... A vida seria outra coisa, coisa boa. Mas isto não faz parte da história que eu contava. Os fatos se sucederam muito estranhamente a partir daquele dia. Não pude mais ler, cansei do cinema, da musica, não mais visitei as galerias. Um grande cansaço me roubara. E eu só podia cegar, calar, deixar a visão embaçar, aos ouvidos só ruídos assombrosos. Aí eu desmaiei. Acordei no dia seguinte no hospital, meus pais ao pé da cama, quarto particular. Estava internada. Internada porque decidi correr atrás dele na rua, correr por impulso, sem olhar para os lados. Depois disso ele veio me visitar algumas vezes. Permanecemos amigos durante todo o tempo do colégio, mas aí ele se mudou... Me ligou semana passada para conversarmos, parece que precisava de uma advogada e ouviu falar de mim.